"Irão"? Como se existisse um país com esse nome...
02:42Aconteceu em Julho deste ano. No dia 12 (salvo erro das minhas fontes serem falaciosas). Falo das eleições iranianas, onde é mais do que certo que as suspeitas de falsificações dos resultados das urnas sejam verdadeiras. Mas não é da falta de Democracia que venho aqui falar. Nem sequer são directamente os problemas desse país que aqui me trazem. Insurjo-me sim, contra a falta de cobertura mediática sobre o caso.
Passo a explicar:
Primeiro de tudo, no dia 11 de Junho (um dia antes das eleições presidenciais iranianas) é confirmada a venda do passe de Cristiano Ronaldo ao Real Madrid por 94 Milhões de euros. Começou então uma novela infindável onde jornalistas, comentadores desportivos, comentadores não-tão-desportivos e afins falam sobre se é justificável gastar-se tanto dinheiro numa só pessoa. É óbvio que esta questão necessita de uma justificação, mas comparando isto com o roubo da liberdade de escolha de milhares ou milhões de pessoas (e consecutiva morte de algumas que se revoltavam) não me parece grande coisa.
Em segundo lugar, a 25 de Junho (13 dias depois das eleições) morre Michael Jackson. Um Deus para alguns, um "nada" para outros, e um bom artista para a maioria. Compreendo também que o mundo inteiro queira saber factos da morte do falecido cantor e bailarino (não sei se é assim que o podemos classificar), mas não me cabe na cabeça que a morte de uma única pessoa se possa sobrepor à de muitas outras que morrem por lutar pelos seus direitos.
Em resumo:
Estas duas histórias cobriram completamente, com a sua negra sombra, o grave problema que se passou e continua a passar no Irão.
E então onde é que eu tive que ir encontrar informação? Na Internet, como seria de esperar. Visto os jornais estarem abarrotados com o que vende e dá mais audiências. Um dos exemplos que me informou mais sobre esta situação foi o Twitter, com a actualização de segundo a segundo, graças a pessoas que criaram perfis propositadamente para espalhar pelo mundo o que realmente se passa de grave.
Alguém, que por acaso leia o que acabei de escrever, pode indagar-se sobre qual o propósito de apenas colocar aqui a minha opinião depois de tanto tempo volvido sobre o assunto. É simples. Explodi de raiva quando me enchem outra vez os jornais com o despedimento de uma pseudo-jornaliasta da TVI, a Sra. D. Manuela Moura Guedes. Falam muito de que foi o nosso actual PM, Sr. Eng. José Sócrates que fez com que ela fosse despedida (quem sabe, tudo é possível!) mas eu pergunto-me: Alguém esperava que uma jornalista que dá a sua opinião enquanto relata uma notícia continuasse a apresentar um telejornal depois do seu marido (o chefe lá do sítio) ter sido corrido a pontapé?
Mas continuando: Agora está tudo subitamente preocupado que os alinhamentos dos jornais sejam "fabricados" e que a liberdade de expressão esteja a ser posta em causa, mas apenas quando o problema está ao virar da esquina..., por que se isto estiver a ocorrer num outro país qualquer com fama de terrorismo, apenas por pertencer ao Médio Oriente, já não interessa...
PS: Peço desculpa se me alonguei demasiado.
Gustavo Pereira
 
								 
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1 palavra(s)
mordaz(es)
Não te alongaste demasiado e trouxeste "a lume" um assunto interessante. Se há anos atrás a informação era manipulada e não havia liberdade de expressão e de imprensa por causa dos tempos de ditadura que se viviam, hoje em dia, a manipulação surge por causa do dinheiro. O que vende mais faz correr mais tinta, ainda que já não haja grande coisa para escrever, ainda que reste inventar. Como bem disseste, para a maioria das pessoas, o que interessa falar gente sem direito de escolha num país que até fica lá longe? Encher, sobrelotar os nossos canais televisivos e respectivos segmentos de informação e ainda os jornais, as revistas, com o Cristiano Ronaldo, ou a morte de Michael Jackson, durante semanas a fio é muito mais interessante... para os bolsos.
ResponderEliminarTemo querer entrar nesse mundo de informação, mas que pretendo que seja informação no verdadeiro sentido da palavra, e ser obrigada a fazer mau jornalismo, por imposição dos costumes da sociedade em que vivemos.
Óptimo post.
(Quanto maiores as turmas, menos salas/contentores ocupamos. Vai ser uma Gripe A Party durante o ano. Pode ser que micróbio a micróbios as pessoas das turmas se comecem a dar bem...)
Palavras mordazes? Escrevam-nas aqui!