Elevação

21:34

Preciso da libertação a que me sujeitei outrora. É já demasiado o tempo que estou lúcido, com os ouvidos atentos à espreita de qualquer movimentação. Preciso da dose que me deixa a flutuar por cima do que quer que seja, por cima de tudo. A ânsia corta-me as pernas e limita-me os movimentos - são tão tortos os meus pensamentos - e a vida já não me serve para sofrer. Quem me dera ser um popular cão, desses de esquina, que se contenta com o que lhe é atirado para cima. O aborrecimento seria atenuado por todos os males do mundo. Mas preciso sempre deste meu rasgar de consciência, o afastar de tudo que considero certo. Preciso de me distanciar da realidade e brincar como já não fazia, porque não o sabia fazer.

Ponho então as letras em papel. Esse é o meu escape. Caio agora feliz, em silêncio.

Pherreyra, o Segundo

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