Três Mundos
01:20
Quanto mais o tempo passa mais me encontro estendido no chão, morto por descobertas que fiz de mim mesmo. Parece que o muro que levei anos a construir se está constantemente a desmoronar. E com esse sucessivo desmoronamento, descubro em mim um terrível monstro, daqueles que sempre me repeliram pela sua amargura de âmago podre...
E ao fazer tamanho achado - não fossem sempre maiores quando são sobre nós - apetece-me simplesmente desistir de tudo. Apetece-me largar tudo em que investi, tudo em que acreditei, pois nada é, na verdade, verdade!
Mas não o posso fazer. Não posso fazê-lo porque tenho demasiadas responsabilidades sobre mim. Tenho uma pessoa que está em pior estado do que eu (refiro-me a amor próprio claro), tenho amigos a afastarem-se (principalmente por terem feito as mesmas descobertas que eu fiz sobre mim próprio), tenho pessoas queridas com quem discuti (e penso não voltar a ver), tenho um caso de pseudo-interesse (que ficou eternamente pendente), tenho uma nova hipótese de relacionamento (que desconfio que nunca acontecerá), tenho responsabilidades académicas (que a lado nenhum me levarão)...
Tenho demasiado pelo que lutar, mas não o consigo fazer..., só por saber que eu nunca fui eu mesmo na realidade. Fui sempre uma escura e sombria imagem do que sempre odiei.
E agora estou na rua, tanto frio, e o nevoeiro cobre-me. A única coisa a aquecer-me são os meus vícios, esses já vocês sabem quais são (pelo menos alguns). E sinto-me sozinho... Tão sozinho... Sem ninguém para falar!
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