Revolução Postergada

17:06

Não sei o que faço, o que digo, o que escrevo., sou um servo, sem ornatos e sem luxo, do ócio que me fatiga., rebolo na rebaldaria do meu cerne interior e esforço-me por ouvir ao máximo., ao máximo porque a falta de informação me faz falta, oiço porque qualquer outra forma me causa esforço., escrevo apenas na minha mente, onde as palavras se evaporam..., e as memórias se esquecem do que diziam., então há sempre uma revolta estranha que se entranha e depois se desvanece., são saltos que dou sem sequer me mexer., não dou por eles, mas quem me rodeia olha-me com horror..., e tristeza.

Não sei mais o que digo, se o digo ou se o devo dizer., parece que cheguei a um ponto em que já não faço diferença., sou só eu., sempre quis que o fosse, pelo menos enquanto não o era - poderia ser eu maior lugar-comum? - e pergunto a mim mesmo, só para manter uma conversa, se estarei a perder o juízo., por vezes rezo para que sim., rezo ao inexistente para que essa desculpa, ou outra, expie a culpa para outro motivo que não este ócio que me fatiga.

Está na hora de afastar a tristeza destas estórias.
Talvez outro dia...
Alfredo de Sousa

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