Dança da Chuva

00:34

Olho pela janela do meu coração e a chuva - saudosa chuva - não parece querer voltar a aparecer. E eu que preciso tanto dela para conseguir rabiscar mais qualquer coisa neste papel velho de inovação reforçado por um passado atribulado com altos e baixos e sentimentos desigualados. Preciso dela para me fazer companhia na sombria rua que se estende por entre estas paredes húmidas e arrepiantes que parecem não ter fim, ou pelo menos o fim que eu gostaria que tivessem...
Sinto-me desigualado e ímpar num lugar que não me pertence, nunca me pertenceu!, e a chuva recusa-se a aparecer apenas mais um pouco. É verdade, sinto-me recluso no meu próprio querer pouco idóneo, completamente obsoleto e sem liberdade de expressão. Acho-me ultrapassado pelo próprio tempo - meteorológico, faça-se entender - que me abandonou sem qualquer expressão de adeus, como vem sendo hábito até do mais próximo amigo. Sinto-me a afundar num lago frio e repleto de seres que me envolvem puxando-me para baixo num sem fim de grunhidos e sons pouco melódicos.
E quem sou eu? "Ninguém"!, pelo menos sem a chuva...

Pherreyra, O Segundo

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1 palavra(s)
mordaz(es)

  1. "E quem sou eu? "Ninguém"!, pelo menos sem a chuva..."

    Frei Luís de Sousa a rasgar :D

    Em relação ao texto, e pedindo desculpa pelas repetições, tá ó(p)timo, como sempre! :D

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