Textos (in)acabados
23:32O fumo saía da ponta do cigarro que ia ardendo, meio adormecido, no cinzeiro onde eu o colocara. No ar, esse fumo desenhava imagens esplêndidas de fadas e depois de eu me concentrar começaram a sair as palavras... As minhas amigas e companheiras palavras que nunca me abandonaram. Elas que sempre me acompanharam e eu, por vezes, esqueço-me delas, ali, a um canto como se fossem um cão sarnento à beira da morte. Por isso peço-lhes desculpa... Por ignorá-las, maltratá-las, por vezes abusar da sua boa vontade e acima de tudo por não as utilizar devida e regularmente. Não é culpa minha, mas por vezes não lhes consigo dar a importância merecida. Assim como aquele cigarro que clama por ser extorquido de todo o fumo de que se tenta livrar. Simplesmente não lhes dou o mérito suficiente por quererem ser meus servos, a minha vassalagem, a minha rebeldia escondida e reprimida de todos os que a procuram ver. Provavelmente seria melhor para eles, para as palavras e para o cigarro, se me abandonassem e se deixassem de me ajudar a passar mais um dia numa vida egocêntrica.
Alfredo de Sousa
1 palavra(s)
mordaz(es)
Escrever sobre palavras é sempre tão bom! E tu fá-lo tão bem.
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Palavras mordazes? Escrevam-nas aqui!