O calor da brisa do Tejo sabe tão bem

Eram por volta das sete da tarde e o os raios de sol começavam a desaparecer. O Tejo, que ora aparecia ora desaparecia por entre os prédios do Chiado, parecia que conseguia aquecer o ar de início de Primavera. As pessoas que percorriam as ruas, com um ar alegre por verem uma mulher a dançar com um boneco em troca de alguns trocos, ficavam perfeitas na muldara dos edifícios que deixavam transparecer, por entre brechas e frestas, o Castelo de São Jorge. O nosso querido e amado Fernando Pessoa, que horas antes ardia com o calor da tarde, adormecia agora num pôr-do-sol ocioso que deixava manisfestar a beleza da calçada no chão. O Teatro da Trindade, deixado para trás depois de um pomposo espectáculo, com um tecto forrado de grandes nomes, mostrava o quão distinstos nós fomos e somos.

Depois de toda esta amostra da nossa magnificência, enquanto espero pelo transporte que me ia escoltar até casa, oiço uma frase que há muito me indigna: "É por isto que Portugal não anda para a frente!". E eu pergunto-me qual a razão de Portugal não "andar para a frente". É pela falta de bons governantes? Sim, em grande parte é. Mas tenho a certeza que muito se poderia fazer com um pouco de força de vontade do povo!