'Creep'
01:50Interrompo o silêncio que me vem apaziguando a agonia. Triste reencontro comigo mesmo, que não sei cumprir promessas. Ímpeto sonhador que se rebela na escuridão. O silêncio quebro porque tenho de gritar. Tenho de gritar mas ninguém me deixa. Encontro-me rodeado de mordaças vivas que me cortam a pele de tanto roçarem. Roçam e remexem-me as entranhas. As tripas e coração sofrem uma reviravolta espontânea e entram em combustão. As mordaças tornam-se pessoas que devido às suas interacções comigo me impedem de gritar. E eu sinto-me encurralado. Aflito. Sem saída. Os movimentos presos. Os pensamentos encurtados. SOCORRO! Quero gritar mas ninguém à minha volta me deixa. Os meus pais escalpelaram-me. O meu irmão arrancou-me as unhas a sangue frio. Os meus melhores amigos desmembraram-me. Os inimigos queimaram-me. O meu amor asfixiou-me. Quero sonhar e não consigo. E ao gritar..., não sai nada! Mais uma vez estou envolto em paredes confinadas. Elas aproximam-se. Começam a apertar. A apertar como as mordaças!, como as pessoas!, a roçar e a remexer. A minha respiração altera-se. O coração palpita. As mãos suam. Os dedos tremem. A incoerência aumenta. A sanidade degrada-se. O espírito morre e a vida..., a vida acaba.
Não há futuro, não há coragem, não há nada. Até amanhã. Espero ver-te de novo!
Alfredo de Sousa
 
								 
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1 palavra(s)
mordaz(es)
Já te pude dizer, pessoalmente, o quanto este tempo sem ti por esta via virtual demorou a passar. É inquietante ver a página sem novidades, tanto quanto compreensível.
ResponderEliminarTens sempre muito a dizer. Por mim poderias gritar, quanto mais alto melhor.
Palavras mordazes? Escrevam-nas aqui!