Ah, como te detesto!

21:16

Por vezes sentimos a chuva a cair-nos em cima e não nos importamos. Outras vezes levamos com o insistente fumo do cigarro de alguém na cara, mas isso não nos provoca qualquer ira. Algumas vezes conseguimos aceitar o ingénuo cepticismo de quem nos rodeia sem que nos apeteça explodir. Às vezes conseguimos aceitar que nos critiquem, de forma verdadeira ou falsa, séria ou jocosa. Mas há dias em que é impossível deixar passar. Há dias em que apetece gritar cá para fora. O que se passa?, Fiz-te alguma coisa?, Diz-me! Mas é nesses dias em que tenho de me conter. Tenho de me conter porque as consequências seriam piores do que a situação em si. Mas ao prender tudo, forma-se uma massa de ar negro na minha garganta que quer rebentar, libertando insultos injuriosos, carnificina palavreada, vocábulos sangrentos, milhares de letras encarreiradas como cães indomáveis do inferno. Mas tenho de as manter cá dentro..., simplesmente tenho de as manter cá dentro..., cá dentro fechadas...

Ah, como te detesto!

Gustavo Pereira

You Might Also Like

0 palavra(s)
mordaz(es)

Palavras mordazes? Escrevam-nas aqui!

Followers