I runned over...

21:16

Por tanto tempo que me arrastei a mim mesmo. Por tanto tempo que encobri tudo com nada. Quis fazer parecer que tudo estava bem, enquanto o meu mundo se desmoronava. Já não dormia, ao invés pensava, martirizava-me. Ainda não consigo dormir, só de pensar que tive coragem de o fazer. E o que mais me custa..., parecer feliz. Felizmente arranjei forma de o fazer: agarro em qualquer inebriador, encho-me de comiserada vergonha, e caio para o lado. Mas já não durmo, nunca durmo. Lembro-me do embate, do som, do rebolar - oh, aquele rebolar pelo vidro acima, vidro abaixo - esmagado então contra o chão. Não durmo... Não consigo... E então fugimos, desertámos, não podíamos acabar com tudo, acabar com as nossas vidas..., afinal, ainda nem começado tinham!

Agora que já libertei todos os fantasmas, espero apenas que a minha culpa não me mate. Espero...

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