Alguns momentos

23:03

Alguns momentos, por serem tão bons, deixam-nos de rastos...
Durante os últimos meses senti-me obrigado a fugir ao que mais gostava, tudo numa estratégia de fuga à dor. Tentei não me importar com o afastamento dos amigos, tentei não me importar com a decadência dos meus valores, tentei não me importar com a descrença na pessoa que mais admiro - pelo menos até ao momento.
Mas hoje, depois de uma tarde em que revisitei longas histórias do passado, que não duraram mais do que alguns minutos, senti-me desgraçadamente sozinho, sem ninguém a meu lado. Senti-me desamparado por ter de me deparar com uma encruzilhada, uma encruzilhada na qual tenho de decidir - mais uma triste vez - se optar pelo caminho da segurança ou pelo caminho da brava desventura . Por um lado posso arriscar, gastar os poucos créditos domésticos que tenho e passar uma das noites mais importantes da minha vida - importância não do seu valor em si, mas do valor sentimental que a companhia de há tempos lhe confere -, ou posso manter comigo, para uma eventual casualidade, os créditos (domésticos, relembro) e afirmar afincadamente a nova aliança a que tenho vindo a formar (pela primeira vez consegui pôr um fim em algo que não acabou em separação total).
Não sei o que fazer, nunca sei o que fazer. Mas sei o que vai acontecer: os créditos, esses fico com eles. Por isso a escolha, embora não seja fácil, está feita - ainda que não por mim.
Alguns momentos, por serem tão bons, deixam-nos de rastos...

André F.

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