Sedição

Uma alma zangada salta do seu jazigo que, justamente, jaz no fundo do meu pequeno discernimento e se revolta com o tamanho mau entender das pessoas que foram já queridas, e o deixam de ser por motivos aparentemente (e aprofundadamente também) estúpidos! Ora é o contentamento de colocar uma pessoa de fora na conversa com os cochichos apenas entendidos por quem é diário na nossa vida, ou melhor, na deles... Ora é o silêncio constrangedor que chega a ser pior que um rigoroso Inverno.
O fingimento chega a ser tão grande que saem palavras tão secas de sentimentos, ou promessas, que não passam de mais um desconhecido infértil de verdade que um dia vai estar ali, se precisarmos... E se o que precisarmos de dizer for também contra essa mesma pessoa? Ela ainda estará ali para ouvir os desabafos discriminadores e pejorativos que a vão afectar a ela própria? Não me parece...
E se o caso se compadecer com o esquecimento total do que se pode (ou não) dizer para que uma conversa seja continua e longa o suficiente para conseguir sobreviver mais tempo do que o que se gasta a dizer olá? Será que a situação não irá piorar ao ver-se que afinal já não há nada a dizer?
De resto nada refiro, porque se nunca ouve uma decente conversa, nunca, em tempos de défice de amizade,  começaria o desfasamento do que nunca se falou por onze anos de conhecimento mutuo.

E assim acaba o meu sentimento de revolta de um apaixonado com o coração despedaçado. Anos e anos depois: o fim de tudo; ou será melhor dizer: o fim de nada?